Numa recente edição da revista britânica “Uncut” foi publicado uma enorme e óptima matéria sobre os The Sound e o seu álbum clássico “From the Lion’s Mouth” (o sucessor de “Jeopardy”), injustamente ignorado pela crítica musical. A frente do grupo tínhamos o ex-punk dos The Outsiders e poeta Adrian Borland, por muitos comparado a Ian Curtis e Ian McCulloch. Sua genialidade não foi capaz de abrir a mente da industria que os deixou a margem, atribuindo aos The Sound um bom exemplo de vítima desse injusto e sórdido mercado. O inconformismo não é exagerado, porque eram, de facto, muito bons e a sua música era capaz de despertar sentimentos melancólicos de forma simples e não apelativa, como faria Thom Yorke anos mais tarde. Mesmo assim, os Radiohead não foram e nunca serão capazes de gerar aquela atmosfera. A banda conseguia ser sombria sem querer se encaixar naquilo que muito chamariam de “gótico” dentro do rock oitentista. Ao começar a tocar, o disco convida a um desafio ao clima turvo de suas músic
as. A mensagem é de reacção aos problemas existenciais muitas vezes só visto por quem os sente; “reaja ou se afunde” como é bem claro na faixa de abertura “Winning”: “eu ia me afogar/então eu comecei a nadar/estava para baixo/então eu comecei ganhar”. Tudo é conduzido ao som do baixo, os teclados são tão proeminentes quanto as guitarras, e soa somente quando a batida da caixa se intercalam. Borland não foi capaz de segurar a onda e esse desafio que propunha, o levou a escolher o lado mais trágico e acabou com a própria vida em 1999. O que poderia ser um impulso para uma possível venda póstuma de sua obra, a indústria continuou relapsa. Enfim, é mais fácil conduzir a venda de um “artista” fabricado e ignorante ou um romântico-esquizofrenico?
Esta foi sem duvida alguma, a melhor banda por descobrir das ultimas décadas.
The Story of "The Sound"
The Sound - Winning
The Sound - Counting the Days
The Sound - Sense of Purpose
The Sound - Heartland
The Sound - Silent Air
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